quarta-feira, 23 de abril de 2008

Romance Naturalista

Uma moça sentada em cadeira de plástico que dobra com o cigarro no entre dedos indicador e do meio da mão direita e com os cotovelos na mesa, usava uma regata rosa que deixava a tatuagem de mandala de cima do músculo do ombro à mostra. Ela tinha cabelos castanhos claros encaracolados. Os seios médios, porém com mamíolos que quando contraídos se assemelhavam a dedais de costura de porcelana que fossem postos na folga de espaço do algodão, esticando uma tenção e a atenção de quem olhava primeiro seu olhar que sabia querer sem parecer necessitar. Foi aí que me apaixonei o baixo-ventre... "E sempre o encanto de todas as idéias que despertavam em mim as catedrais, o encanto das colinas da Ilha de França e das planícies da Normandia, refluíam seus reflexos sobre a imagem que eu formava da srta. Swann, o que era estar inteiramente pronto para amá-la. Pois julgar que uma criatura participa de uma existência desconhecida em que seu amor nos faria penetrar é, de tudo o que exige o amor para nascer, aquilo a que ele mais se prende e que o faz desdenhar do resto. Até as mulheres que pretendem só avaliar um homem pelo físico vêem nesse físico a emanação de uma vida especial."(Proust)
Ví, então, que o baixo ventre era mais uma vez um problema material...

Nenhum comentário: